Brasília – 21 de maio de 2025 – O ex-chefe da comunicação de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, foi demitido de suas funções no Partido Liberal (PL) após o vazamento de mensagens trocadas com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, nas quais ele tece críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A decisão teria sido tomada por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e segundo a colunista Bela Megale, sob influência direta de Michelle. No entanto, essa versão é contestada nos bastidores e tida por muitos como especulativa, considerando o histórico da jornalista com a oposição.
As mensagens, datadas de janeiro de 2023, foram obtidas a partir do celular de Mauro Cid e publicadas pelo site UOL. Nelas, Wajngarten comenta, em tom negativo, a possibilidade de Michelle se lançar candidata à Presidência em 2026. Em uma das conversas, ao compartilhar uma matéria sobre o assunto, Mauro Cid responde "Prefiro Lula", ao que Wajngarten replica "Idem". Em outro trecho, ele ironiza o valor que o PL estaria disposto a pagar a Michelle: "PL vai pagar 39 mil por mês para Michelle porque ela carrega o bolsonarismo sem a rejeição do Bolsonaro? Em que mundo o Valdemar está vivendo?".
Os vazamentos, segundo críticos, não têm qualquer relação com os inquéritos que envolvem o ex-presidente ou a suposta tentativa de golpe de Estado. Wajngarten, que não é investigado, acabou envolvido em uma crise política interna a partir da divulgação seletiva de uma conversa privada, levantando questionamentos sobre o uso político de informações extraídas pela Polícia Federal.
Apesar do tom crítico nas mensagens de 2023, pessoas próximas a Wajngarten afirmam que, nos últimos meses, ele se tornou um dos maiores defensores do nome de Michelle como possível sucessora de Bolsonaro, caso este permaneça inelegível. A demissão, portanto, teria sido vista por aliados como precipitada e injusta, ignorando uma mudança clara de posicionamento.
O episódio também lança luz sobre as fissuras dentro do bolsonarismo. A eventual candidatura de Michelle Bolsonaro divide opiniões, inclusive entre os mais próximos de Jair Bolsonaro. Nas conversas vazadas, Mauro Cid alerta que, caso Michelle entre de vez na política, "ela vai ser destruída", mencionando que ela teria "muito furo, muita coisa para queimar, inclusive do passado", em referência a questões familiares já exploradas pela mídia.
Além das críticas à exposição precoce do nome de Michelle, os interlocutores discutem os riscos de desgaste político e a possibilidade de que setores da imprensa e da esquerda usem tais informações para atacar a ex-primeira-dama.
A forma como o material foi divulgado também gera polêmica. Para analistas e apoiadores do ex-presidente, o vazamento parece fazer parte de uma estratégia de desestabilização interna, mirando diretamente o núcleo mais próximo de Bolsonaro. O fato de a conversa ter sido publicada fora de contexto, e de maneira aparentemente coordenada com o cenário político atual, reforça a percepção de perseguição seletiva.
Por enquanto, Wajngarten permanece em silêncio sobre sua demissão. Bolsonaro também não se pronunciou oficialmente. Já Michelle Bolsonaro, apontada como possível responsável pela exoneração, ainda não comentou as mensagens nem a crise deflagrada.
O caso acirra as tensões no interior do bolsonarismo e reacende o debate sobre os métodos utilizados por setores da imprensa e da Polícia Federal no manejo de dados obtidos em investigações, especialmente quando envolvem figuras públicas não investigadas formalmente.
Com a eleição de 2026 no horizonte, a disputa por espaço e protagonismo no campo da direita ganha novos contornos — e Michelle Bolsonaro, mesmo sem ainda ter confirmado sua candidatura, já está no centro da tempestade.
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