Título: Haddad solta o verbo contra a direita e revela desespero no PT em meio à crise interna

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, surpreendeu ao abandonar o habitual tom técnico e partir para o ataque direto em recente evento do PT, afirmando que “ano que vem vamos derrotar essa extrema direita escrota”. A fala, celebrada por setores da esquerda como sinal de coragem e autenticidade, revelou muito mais do que uma simples retórica eleitoral: expôs o desespero e a falta de rumo estratégico dentro do Partido dos Trabalhadores.

A declaração de Haddad aconteceu durante a conferência da corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), e veio logo após a desistência de Washington Quaquá de disputar a presidência nacional do PT. Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), representava uma ala do partido disposta a repensar a agenda petista e modernizar sua atuação — especialmente no que diz respeito à narrativa e à pauta econômica.

O abandono de Quaquá escancarou as dificuldades internas de um partido que enfrenta rachaduras profundas e um debate estagnado. Com o caminho livre, o nome de Edinho Silva foi confirmado como o próximo presidente da sigla, com o aval direto de Lula e da cúpula governista. Edinho, conhecido pela fidelidade ao discurso tradicional petista, representa a continuidade da estratégia de enfrentamento direto à chamada “extrema direita” — sem, no entanto, apresentar propostas claras sobre como vencer eleitoralmente esse campo em 2026.

A fala de Haddad foi emblemática por outro motivo: ele não disse que o PT vai vencer, mas que “vai dar trabalho” para a direita. A própria escolha das palavras sugere um pessimismo interno quanto à real chance de vitória. Dizer que “vamos dar trabalho” soa mais como consolo do que como projeto.

Enquanto isso, a esquerda segue presa em um discurso que gira em torno da criminalização de seus adversários políticos. A estratégia continua sendo rotular qualquer opositor como “golpista”, “fascista” ou “antidemocrático” — tática desgastada e que pouco convence fora da bolha ideológica. O caso do presidente argentino Javier Milei é um exemplo claro: embora eleito democraticamente, é constantemente descrito como ameaça à democracia apenas por defender ideias liberais e libertárias.

No Brasil, o mesmo rótulo é aplicado a Jair Bolsonaro e seus aliados, muitos dos quais seguem sendo alvos de processos no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Flávio Dino, inclusive, já declarou publicamente que o Congresso “não pode desafiar o STF”, numa inversão preocupante do princípio da separação dos poderes.

O PT parece apostar todas as suas fichas em uma narrativa de enfrentamento e demonização da oposição, sem apresentar soluções viáveis para os problemas que afetam o brasileiro comum — especialmente na economia. A liberdade econômica, pauta central da chamada “nova direita”, tem ganhado cada vez mais espaço justamente por ser percebida como alternativa ao modelo estatal pesado e ineficiente defendido pela esquerda.

A substituição de Quaquá por Edinho Silva simboliza, portanto, mais do que uma troca de nomes: é a vitória da ortodoxia petista sobre qualquer tentativa de renovação interna. O partido segue unido — mas unido na negação da realidade eleitoral e econômica que se impõe no país.

No fim das contas, Haddad pode até “dar trabalho”, mas isso dificilmente será suficiente para deter o crescimento da direita nas urnas. E, como muitos já apontam, o verdadeiro risco não está em uma eventual derrota do PT, mas no caminho autoritário que seus aliados institucionais parecem dispostos a trilhar para impedir que a direita vença democraticamente. Afinal, quando a democracia serve apenas enquanto a esquerda vence, o golpe já não é mais uma teoria — é uma ameaça em construção.

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