Nesta segunda-feira (9), o mercado financeiro brasileiro vivenciou um dia de fortes oscilações. Após iniciar o dia em queda, o dólar comercial reverteu a tendência e encerrou com alta de 0,18%, cotado a R$ 6,08. A Bolsa de Valores, por sua vez, registrou um avanço de 1%, encerrando acima dos 127 mil pontos, um desempenho influenciado por notícias do cenário internacional e incertezas fiscais no país.
Volatilidade no câmbio
O dólar iniciou o pregão em baixa, chegando a ser negociado a R$ 6,04 nas primeiras horas do dia. O movimento inicial foi impulsionado por um otimismo moderado no mercado internacional, em reação às novas medidas de estímulo econômico anunciadas pela China, que favoreceram moedas de países emergentes, como o Brasil.
No entanto, a trajetória mudou no período da tarde. O fortalecimento do dólar no exterior e o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) — considerados os ativos mais seguros do mundo — provocaram uma valorização da moeda americana. O resultado refletiu o clima global de maior aversão ao risco e as preocupações com as políticas econômicas brasileiras.
Bolsa de Valores em alta
Enquanto o câmbio oscilava, o mercado de ações teve um desempenho positivo. O Ibovespa, principal índice da B3, avançou 1%, encerrando o dia com 127.210 pontos. A alta foi impulsionada pelo desempenho das ações de mineradoras e petroleiras, setores diretamente beneficiados pela valorização das commodities.
O estímulo econômico na China, maior importador global de produtos agrícolas e minerais, animou os investidores no início do dia. A perspectiva de maior demanda chinesa para bens primários trouxe um alívio momentâneo, beneficiando empresas brasileiras com forte exposição ao mercado internacional.
Cenário interno
No Brasil, as incertezas fiscais continuam a pesar sobre os mercados. A aprovação do pacote fiscal proposto pelo governo enfrenta resistências, principalmente dentro do próprio partido do presidente. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reuniu-se nesta segunda-feira com parlamentares do PT para tentar negociar mudanças na proposta.
A principal polêmica gira em torno das restrições ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), uma medida considerada crucial para a sustentabilidade fiscal, mas que enfrenta resistência por parte de alas do partido. Durante o fim de semana, o PT divulgou uma nota criticando publicamente as sugestões da equipe econômica, aumentando a percepção de desorganização interna no governo.
Reação do mercado
Os investidores seguem cautelosos. A alta do dólar reflete tanto as preocupações internas quanto o cenário global, enquanto a Bolsa demonstra uma leve recuperação, sustentada por notícias externas.
No entanto, analistas alertam para o impacto da instabilidade política e fiscal no médio prazo. A percepção de risco do país permanece elevada, o que pressiona os juros futuros e limita a capacidade de recuperação econômica.
Perspectivas
Para os próximos dias, o mercado estará atento aos desdobramentos da política fiscal no Brasil, bem como à evolução do cenário internacional. A manutenção da volatilidade cambial e os ajustes na Bolsa devem continuar, enquanto investidores aguardam sinais mais claros de alinhamento entre o governo e o Congresso.
O desempenho do dólar e da Bolsa é um reflexo direto da tensão entre os estímulos externos e as incertezas internas. Caso não haja avanços significativos na agenda fiscal, a pressão sobre o real poderá se intensificar, dificultando ainda mais o cenário econômico para o Brasil.
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